Prazer sem orgasmo, é possível?

De uns tempos pra cá, as mulheres tem se cobrado e se empenhado muito na busca pelos tão sonhados orgasmos, o que é ótimo, pois todas nós merecemos, mas nem sempre é fácil chegar lá, então ficou a questão: será que é possível ter prazer na relação sexual sem ter orgasmo? Antes de responder essa pergunta, temos que entender o que é prazer e o que é orgasmo.

Entenda o prazer:

Em geral, o prazer é uma resposta do organismo ou da mente, como um estado afetivo agradável, indicando que nossas ações estão sendo benéficas a nossa saúde, a satisfação de um desejo, tendência ou necessidade sendo atendida.

Segundo Freud, somos movidos pelo Princípio do Prazer desde que nascemos, ou seja, pelo impulso que busca o prazer na satisfação de necessidades básicas fisiológicas e psicológicas. O prazer pode ser atingido através de várias maneiras, tais como praticando exercícios físicos, comendo, escutando música, lendo, conversando, trabalhando e até fazendo xixi, sabe quando a gente está com a bexiga cheio e finalmente chega ao banheiro? O ato de esvaziar a bexiga nos causa prazer, não é mesmo? E essa sensação, experimentamos desde quando nascemos, assim como Freud explicou.

Anote: Toda atividade que promove prazer, gera um registro cerebral positivo, e faz com que o organismo deseje que esta atividade seja repetida e experimentada mais vezes.

Já o orgasmo:

"É a conclusão do ciclo de resposta sexual que corresponde ao momento de maior prazer sexual. Pode ser experimentado por ambos os sexos, dura apenas poucos segundos e é sentido durante o ato sexual ou a masturbação. Caracteriza-se por intenso prazer físico mediado pelo sistema nervoso autônomo acompanhado por ciclos de rápidas contrações musculares nos músculos pélvicos, que rodeiam os órgãos sexuais e o ânus, sendo frequentemente associados a outras ações involuntárias, como espasmos musculares em outras partes do corpo e uma sensação geral de euforia."

Se o prazer é a resposta do nosso corpo e mente de que nossas ações estão sendo benéficas ou que nossa necessidade está sendo atendida, logo, é possível experimentar o prazer na relação sexual, mesmo que não se atinja o clímax deste prazer através do orgasmo, ou seja, através da reação física do prazer. Porém NÃO é possível experimentar o orgasmo sem que se haja prazer anterior na prática daquela atividade sexual, por tanto, antes de buscar o orgasmo, devemos buscar experimentar o prazer, estimulando que a prática gere um registro positivo e o desejo de ser repetida.

Quando a mulher não consegue chegar ao orgasmo, uma série de fatores devem ser levados em consideração, tanto psicológicos quanto físicos, aqui citaremos alguns deles:

- Medo
- Vergonha
- Temor de desempenho, medo de não atingir o orgasmo ou de não satisfazer o parceiro
- Relações anteriores não satisfatórias
- Estimulação incorreta ou falta de estimulação clitoriana
- Falta de excitação
- Lubrificação diminuída 
- Medicamentos antidepressivos
- Dispareunia (dor ou desconforto durante o ato sexual)
- Vaginismo (contração involuntária do canal vaginal)

Para que a mulher consiga experimentar o prazer em forma de orgasmo, ou seja, chegar ao ápice do prazer, é essencial que ela esteja a vontade com seu próprio corpo e aceite a sua sexualidade e as formas individuais da própria expressão sexual. Suas fantasias e desejos devem ser aceitos e explorados de maneira saudável e natural, deixando de lado as repressões, a culpa e a insegurança.

Se você tem dificuldades para atingir o orgasmo ou nunca conseguiu atingi-lo, não desista, não é porque o prazer que sente hoje é bom, que não se pode querer um pouco mais! Procure experimentar o autoconhecimento através da masturbação, é uma das maneiras mais eficaz de descobrir seu mapa do prazer. E se fatores psicológicos te impedem de iniciar a prática da masturbação, não tenha vergonha e procure ajuda profissional de uma psicóloga ou terapeuta sexual. Em caso de dor no ato sexual ou na masturbação, procure profissionais ginecologistas ou fisioterapeutas pélvicos, dor nunca é normal, é um sinal de um problema maior que merece tratamento. E lembrem-se, você tem direito ao prazer pleno, empodere-se!

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Com muito amor,
Ilana Rangel
Sexóloga e Fundadora Amor Informal