Teclado, monitor e desabafo - Piegas ou moderninha?


Eu sempre fui cafona, piegas, careta assumida. Sempre me orgulhei do título “Sandy da turma”, então pra que querer bancar a moderninha agora?

Quando tudo que você faz, todas as estratégias, tudo que você conhece como “certo” não dá
exatamente certo pra você, é quando todos os questionamentos começam a pirar o cabeção. Tem tanta gente feliz sendo o oposto do que sou, significa que existem outras formas, que eu posso tentar outras formas, talvez eu possa sair da casinha, deixar de ser quadrada, jogar o livro de cabeceira de baixo da cama por um tempo e simplesmente tentar fazer diferente.



Foi pensando desse jeito que me aventurei a um tempo no que posso chamar de uma “amizade colorida” ou um “relacionamento aberto”. Obviamente que estou escrevendo sobre isso agora que acabou, porque consigo ter mais clareza dos fatos. Não teve nenhum ferimento grave, inimizade, ódio eterno, talvez só algumas lágrimas.

Fato número 1 – nos conhecemos na balada. Eu sei, eu detesto ficar beijando na balada, eu não saiu pra balada pra pegar ninguém, eu quase nem vou pra balada, mas vamos fazer diferente né? Ficamos a noite toda curtindo a balada juntos, muitas conversas, risadas e no final da noite telefones trocados.

Fato número 2 – diferenças evidentes. Ele seis anos mais novo que eu, gosta de balada, festinhas com os amigos, beber, beber enquanto joga videogame, rsrsrsrs. Não posso dizer que ele não tem nenhuma das qualidades que prezo num homem, pois estaria mentindo, mas eu não via nele um cara pronto, apenas um menino curtindo a vida, com muitas coisas pra curtir ainda antes de se amarrar em alguém, no resumo ele não preenchia o currículo e era isso que o tornava perfeito, quanto mais imperfeito fosse, quanto mais longe tivesse de concorrer ao cargo “namorado” mais perfeito ele seria pra ser essa experiência nova que surgiu na minha mente experimentar.

Fato número 3 – porta fechada. Uma semana depois ele estava passando os finais de semana na minha casa, vendo filminho com pipoca, levando meu café da manhã, lavando minha louça enquanto eu usava meus dotes gastronômicos pra mimá-lo. E por que? Porque eu sou uma fofa tentando ser outra coisa. Sentindo tudo isso indo por um caminho sem volta, tive que estabelecer regras claras pra me manter focada diante do que aquilo com ele deveria representar pra mim. Então antes mesmo de saber o que ele esperava daquilo ou o que ele poderia querer de nós dois eu fechei a porta, deixei claro que era só aquilo mesmo e ponto. E percebi que ele entendeu quando começou a me contar das outras garotas que saia na balada.

Fato número 4 – eu definitivamente não entendo os homens. Na minha cabeça estava tudo indo muito bem, eu estava a vontade e só poderia ser perfeito pra ele, todo homem quer um “relacionamento” assim, ele ia pra balada, beijava quem ele quisesse e quando queria ficar de “amorzinho” com alguém eu estava ali, sem cobranças, sem obrigações, só diversão, risos, surpresas, tudo tão leve, eu não achava que ele fosse nadar na contramão disso nem tão cedo. Só que eu o julguei como homem e nem se quer perguntei se era isso que ele queria.

Fato número 5 – a vadia egoísta. Quando eu estabeleci as regras eu disse que acabaria se um dos dois começasse a sair sério com outra pessoa, isso é completamente correto e natural quando ambos estão na mesma vibe da situação. Só que eu nunca me dei ao trabalho de saber se ele estava nessa vibe, eu não tinha mais nada pra oferecer e ele também não podia ficar “serio” com outras pessoas enquanto estávamos saindo, isso poderia impedi-lo de conhecer alguém com quem pudesse construir algo. Fui egoísta, só pensei em mim, no meu momento, no que eu queria, nas minhas regras. Acabei sendo totalmente oposto do que realmente sou. Resumindo, ele conheceu alguém e quando percebi que estava querendo sair mais com ela simplesmente apliquei a regra e saí do caminho.

Ainda não descobri

A verdade é que eu ainda não sei
Se você é pra mim
Se eu quero você pra mim
Eu te perdi antes mesmo de descobrir
Se eu te queria de verdade
Ou sê queria a maneira como você fazia eu me sentir
E eu nunca vou saber se você me amaria
Eu fechei a porta antes mesmo de você pedir pra entrar

Não seria justo te jogar no meio do meu redemoinho
Eu sou o caos que você nunca conseguiu ver
Não posso te pedir pra ficar
Não tenho nada pra oferecer
Sou a garota das interrogações na própria mente
Girando e girando
E eu sinto que te perdi antes mesmo de descobrir

O que me resta agora a não ser sentir sua falta?
Rezar todo dia pra que você seja feliz
Ninguém sabe o que precisa até achar
Eu fui tudo que você achou que queria até perceber que queria mais?
E agora você quer tudo que eu não quis te dar?
Eu não pude, não sei se posso, me perdoe se eu ainda não descobri...


Enfim, as coisas poderiam ter sido muito diferentes (ou não). Se eu tivesse agido como costumava agir poderíamos ter nos apaixonado, se fosse uma questão de “deixar rolar”, coisa que eu não fiz. Mas será que eu tenho mesmo o poder pra decidir se quero ou não que alguém se apaixone por mim? Se quero ou não me apaixonar por alguém? Sinceramente não acho que seja o caso, eu posso fazer muitas coisas, tenho muitas escolhas na vida e muitas decisões que fazem a diferença, mas quando o amor acontece ele acontece e não tem nenhuma porta fechada que impeça ele de acontecer. Então talvez eu tivesse razão, ele não estava mesmo pronto pra isso e foi melhor assim.

Sentimentos são como crianças, normalmente são desobedientes, não tem noção de perigo, não sabe o que é certo ou errado, e por mais irritantes que possam ser sempre queremos uma por perto.

"Eu gosto de piegas. Eu quero ter uma vida piegas também."


É hora de repousar meu coração e devolve-lo a própria essência, apenas deixá-lo quieto aguardando o momento certo, a pessoa certa, que vai fazer por merecer. Eu sei que posso ser difícil de amar, mas as coisas difíceis são as melhores da vida e eu continuo sendo piegas o suficiente pra querer ser cortejada, conquistada e amada como deve ser.

Com muito amor,
Luna LoVe

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